segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

diário de bordo

Eu olho para escrivaninha empilhada de coisas. A cadeira com roupas penduradas. O sofá "provisório" que acabou virando ninho de bagunça. A cama que deveria caber duas pessoas, mas mal cabe meu corpo e meu sono conturbado. Um guarda roupa de seis portas, seis portas que não cabe nada, aliás nada meu, pois lençois, vestidos longos e casacos do tempo das múmias são muito bem recebidos. Um violão com uma corda estourada, um ventilador que não funciona direito, um criado mudo com marcas de copos e copos, nele um relógio que me mostra que deveria estar dormindo ao invés de jogar frases num bloco de texto do bloger. E um espelho, cheio de marquinhas de dedinhos e boquinhas da vaidosa menina que me chama de "thjiaaa". Acima um mural de fotos, sem fotos, com recortes de revistas, recados, poemas, que nos meus sonhos deveria ser carregado de fotos de viagens, com mesas infinitas de amigos rindo, imagens de finais de semana com a familia inteira reunida, com fotos da minha fuça sem serem tiradas por mim.
É uma tensa mescla de realização com impotência. Algumas coisas tão cuidadosamente adquiridas com o tempo, enquanto outras se esvaem sem nem ao menos ter chego.
Eu sinto falta de tudo isso, já, sem nem mesmo perder, eu sinto falta do temeperamento dos móveis, do que aconteceu em cada um deles, e não de sua simples matéria.
Sinto falta de vários rostos que passram em fotos pelo mural. Rostos que tempos atrás significaram muito. Bichos de pelucia que enfeitavam o quarto, cama de solteiro cheia de folhas com cifras de músicas e muita pureza no coração.
Não é o medo, não é solidão, nem mesmo tpm. É só um vazio úmido e escuro, que escorre em noites assim, é um "nada específico" misturado com um "jaja passa"
Na verdade é mais " vai dormir, que isso vai ajudar"

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